MAPA
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ISSN 1517-4964
Dezembro, 2008
Passo Fundo, RS

Foto: Embrapa Trigo
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Avaliação de giberela em genótipos de trigo do Ensaio Estadual de Cultivares, na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, em 2007

Maria Imaculada Pontes Moreira Lima1, Márcio Só e Silva1, Eduardo Caierão1, Pedro Luiz Schereen1, Alfredo do Nascimento Junior1

Introdução

A giberela, conhecida também por fusariose, afeta espigas de trigo e de outros cereais de inverno como cevada, triticale, centeio e aveia. Essa doença é causada, principalmente, pelo fungo Fusarium graminearum Schwabe [teleomorfo Gibberella zeae (Schwein.) Petch]. Os sintomas característicos são espiguetas despigmentadas, de coloração esbranquiçada, que contrastam com o verde normal das espiguetas sadias. Os grãos afetados são chochos, enrugados e de coloração branco-rosada a pardo-clara (REIS, 1988; PARRY et al., 1995). As espigas de trigo podem ser afetadas pelo patógeno a partir da espiga recém-emergida (LIMA, 2003; REUNIÃO, 2005), sendo a giberela favorecida por condições de umidade (precipitação pluvial) e temperatura elevadas (PARRY et al., 1995). O objetivo desse trabalho foi relatar os resultados da avaliação de giberela nos genótipos de trigo componentes do Ensaio Estadual de Cultivares (EEC), na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul em duas épocas de semeadura, em 2007.

Material e métodos

Em 2007, o EEC de trigo foi instalado na área experimental da Embrapa Trigo, no município de Coxilha, localizado a 10 km de Passo Fundo, RS, com 35 cultivares (Tabela 1). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições, semeadas em duas datas (épocas de semeadura), sendo a primeira em 21/junho e a segunda, em 26/julho. As parcelas foram compostas de cinco fileiras de 5 m de comprimento e espaçamento entre fileiras de 20 cm. Seguiram-se as indicações técnicas para a cultura de trigo em 2007 (REUNIÃO, 2007), exceto quanto a não realização de controle químico de doenças na quarta repetição do ensaio. Registrou-se a data em que cada cultivar atingiu 50% do espigamento pois, sob condições climáticas favoráveis, o patógeno pode afetar as espigas a partir do espigamento. Para a avaliação de giberela, foram amostradas as parcelas da repetição do ensaio que não recebeu tratamento químico para controle de doenças. Coletaram-se 100 espigas nas linhas externas da parcela nos estádios 11.2 e 11.4 da escala de Feekes & Large (LARGE, 1954), denominadas “espigas verdes” e “espigas secas”, respectivamente, conforme metodologia descrita por Lima et al. (1999).

Determinaram-se a incidência e a severidade da doença em espigas verdes e a porcentagem de grãos com sintomas de giberela (grãos GB) em espigas secas. A severidade foi obtida visualmente conforme escala de Stack & McMullen (1995) e a porcentagem de grãos GB, em amostra de mil grãos. Calculou-se o índice de doença (ID) multiplicando-se a incidência pela severidade e dividindo-se o resultado por 100.

Resultados e discussão

Na primeira época de semeadura, o espigamento ocorreu de 19 a 28 de setembro e, na segunda, de 5 a 21 de outubro. Neste período, a ocorrência de precipitação pluvial em dias consecutivos foi favorável à giberela (Fig. 1). Os resultados obtidos das avaliações de giberela são mostrados na Tabela 1. Registrou-se ocorrência de giberela em todas as cultivares em ambas as épocas de semeadura. Aproximadamente 66% das cultivares apresentaram maior ID na primeira época, que variou de 0,8 (Abalone) a 34,9 (Supera), e 25,7% das cultivares apresentaram ID superior a 10. A maioria dos genótipos (71,4%) apresentou maior percentual de grãos GB na primeira época de semeadura. BRS Umbu (2,6%) e IPR 110 (57,4%) apresentaram, respectivamente, o menor e maior percentual de grãos GB. Em apenas 5,7% dos genótipos, o percentual de grãos GB foi abaixo de 10%, e 71,4% apresentaram grãos GB acima de 30%. Na segunda época, obteve-se o menor ID na cultivar Fundacep 50 (0,6) e o maior em IPR 129 (29,2) e 17,1% das cultivares apresentaram ID maior que 10. O menor percentual de grãos GB foi registrado em BRS Umbu (2,1%) e o maior em IPR 129 (59,4%). Registrou-se em 31,4% dos genótipos percentual de grãos GB abaixo de 10% e os genótipos BRS Guabiju (36,5%), CD 105 (41,0%), IPR 110 (47,7%), IPR 118 (59,3%) e IPR 129 (59,4%) compõem os 14,3% dos genótipos que apresentaram acima de 30% de percentual de grãos GB.

Conclusões

Considerando-se as condições climáticas do ano e o local de instalação dos experimentos, conclui-se que:

- a precipitação pluvial foi favorável à giberela em 2007;

- a intensidade de ocorrência de giberela variou com a época de semeadura;

- os maiores valores absolutos de ID e de percentagem de grãos giberelados, para a maioria dos genótipos, ocorreram na primeira época de semeadura.


1 Pesquisador da Embrapa Trigo. Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: imac@cnpt.embrapa.br; soesilva@cnpt.embrapa.br; caierao@cnpt.embrapa.br; scheeren@cnpt.embrapa.br; alfredo@cnpt.embrapa.br.


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