Dezembro, 2009
119
Passo Fundo, RS
II Técnicas para obtenção, conservação e seleção de nematoides entomopatogênicos

Exemplos de avaliações especiais de Neps

Determinação da concentração letal de isolados de Neps sobre larvas de insetos

Determina-se a concentração letal capaz de matar pelo menos 50% (CL50) ou 90% da população (CL90). Essas determinações são usadas para padronização e controle de qualidade de inoculantes. A seguir fornece-se um exemplo de determinação de CL em Diloboderus abderus. Os tratamentos consistem de concentrações crescentes de JI: 0 (testemunha), 100, 200, 400, 800, 1.200 JI por larva de um inseto. Cada repetição é composta por cinco larvas. Recomenda-se o uso de 10 repetições por tratamento. A porcentagem de mortalidade de larvas corrigida pela fórmula de Abbott (1925) é submetida à análise de Probit pelo programa Polo Plus 1.0 (P ≤ 0,05) (LEORA, 2008), obtendo-se curva de mortalidade que permite definir a CL50 ou CL90. Vide GLAZER & LEWIS (2000).

 

Testes de compatibilidade de Neps com produtos fitossanitários

Para determinar a compatibilidade de produtos fitossanitários com nematoides entomopatogênicos, pode-se adotar a metodologia sugerida por Negrisoli Júnior et al. (2008), baseado na metodologia de Vainio (1992). Um litro de calda de cada produto deve ser preparado com o dobro da concentração desejada. Desta solução, alíquotas de 1 mL de cada produto são colocadas em cinco tubos de vidro de fundo chato, aos quais são adicionados 2.500 JIs de cada nematoide contidos em 1 mL de água destilada e agitados, considerando-se cada tubo uma repetição. O bioensaio deve ser conduzido em câmara climatizada a 22 ± 1 oC; UR de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas.

São avaliadas a mortalidade dos JIs e a manutenção da capacidade infectiva.

A mortalidade dos nematoides deve ser avaliada 48 horas após exposição aos produtos. Assim, uma alíquota de 0,1 mL da suspensão é retirada, observando-se 100 JIs sob microscópio estereoscópico. São considerados mortos aqueles que não se movimentam e não respondem a toque, agitação da suspensão ou de estímulo químico, como a adição de Oxamil (10 a 50 mg/L), por exemplo.

A infectividade dos nematoides é testada como descrito a seguir:

Os tubos com os tratamentos são completados com água destilada (3 mL) e deixados para decantar por meia hora em câmara climatizada a 12 ± 1 ºC. O sobrenadante (cerca de 3 mL) deve ser descartado e a lavagem repetida por três vezes. Após a última lavagem, 0,2 mL (cerca de 100 JIs) são retirados do fundo de cada tubo e pipetados em cinco placas de Petri (9 cm de diâmetro) com papel filtro umedecido previamente com 1,8 mL de água destilada por tratamento. Cada placa é considerada como uma repetição e recebe dez lagartas de último instar de G. mellonella, sendo mantida em câmara climatizada nas mesmas condições do teste anterior, durante cinco dias. As lagartas mortas são transferidas para placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo uma folha de papel seco e mantidas no escuro por mais três dias, sendo submetidas à dissecação para a verificação da presença de nematoides. O delineamento do experimento é inteiramente ao acaso, sendo os valores de mortalidade de JIs submetidos à análise de variância e teste de comparação entre as médias dos tratamentos (P ≤ 0,05).

O efeito dos tratamentos sobre a infectividade dos Neps sobre lagartas de G. mellonella é classificado conforme sugerido por Peters & Poullot (2004), baseando-se no protocolo da Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado de Animais e Plantas Nocivas (International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants-IOBC), por meio da fórmula:

E% = 100 - (100 - mortalidade corrigida) x (100 - Red)

onde:

E% : efeito sobre a infectividade.

Mortalidade corrigida: porcentagem de mortalidade corrigida conforme Abbott (1925).

Red: porcentagem de redução da infectividade no tratamento.

Mortalidade corrigida = (Mt - Mc/100 - Mc) x 100

onde:

Mt: porcentagem de mortalidade no tratamento.

Mc: mortalidade na testemunha (controle).

A porcentagem de redução da infectividade dos Neps deve ser calculada através da fórmula:

Red = (1 - It/Ic) x 100,

onde:

Red: porcentagem de redução da infectividade no tratamento.

It: mortalidade nos tratamentos.

Ic: mortalidade na testemunha (controle).

Com base no valor de E%, os produtos são classificados como:

1: inócuo (< 30%);

2: levemente nocivo (30% a 79%);

3: moderadamente nocivo (80% a 99%) e

4: nocivo (>99%).

 

Teste de eficiência da mistura de inseticidas e Neps contra pragas

Diferentes fases (larva, ninfa, pupa ou adulto) do inseto-alvo podem ser expostas aos tratamentos em recipientes plásticos (150 mL) ou outro tipo de recipiente (descartável ou autoclavável, de preferência) contendo como substrato areia umedecida (10%, p/p), além de dieta natural ou artificial no caso de insetos em fase ativa. Os tratamentos são os seguintes: 1) produto fitossanitário na subdose desejada; 2) nematoides entomopatogênicos e 3) a combinação de cada produto (subdose) e cada nematoide, sendo considerado como uma repetição um grupo de 10 insetos, totalizando 10 repetições por tratamento. A aplicação tópica dos tratamentos pode ser feita utilizando-se micropipeta (100 µL de capacidade) ou torre de Poter na dose correspondente ao que seria aplicado em um hectare, expressa em microlitros por centímetro quadrado. A concentração de nematoides pode ser padronizada a 100 JIs por recipiente (= 2,6 JIs por cm2) ou ajustada em bioensaio preliminar. Os insetos devem ser individualizados, sendo a mortalidade registrada 2 e 4 dias após a aplicação. O delineamento experimental é fatorial, sendo os valores de mortalidade submetidos à análise de variância e posterior teste de comparação entre as médias dos tratamentos (P ≤ 0,05).

Uma das formas de se avaliar o efeito da interação dos inseticidas e nematoides sobre a praga é através do teste binomial para comparação da percentagem de mortalidade observada e estimada, de Robertson & Preisler (1992), modificado por Nishimatsu & Jackson (1998). Neste caso, a porcentagem de mortalidade esperada é obtida pela fórmula:

Pe = Po + (1 - Po) + (1 - Po) (1 - P1) (P2)

onde:

Pe: mortalidade esperada na combinação de Neps e inseticidas;

Po: mortalidade na testemunha (mortalidade natural do inseto);

P1: mortalidade após tratamento somente com inseticida;

P2: mortalidade após tratamento somente com nematoide.

O valor de qui-quadrado (X 2) é calculado pela fórmula:

X 2 = (Lo - Le)/Le + (Po - Pe)/Pe

onde:

Lo: número observado de insetos vivos;

Le: número esperado de insetos vivos;

Po: mortalidade observada na combinação inseticida-Nep.

Para conhecer o valor de X 2 = 3,84, tabelado, deve-se considerar um grau de liberdade (n-1) e P = 0,05, sendo

interação aditiva indicada por X 2 < 3,84,

antagonismo indicado por X 2 < 3,84 e Po< Pe e

sinergismo indicado por X 2 < 3,84 e Po>Pe.


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