Dezembro, 2007
83
Passo Fundo, RS
Introdução

A mancha amarela do trigo é uma das principais doenças dessa cultura no sul do Brasil. É causada por P. tritici-repentis, fungo necrotófico que sobrevive em palha de trigo deixada entre uma estação de cultivo e outra (Fig. 1). A capacidade de sobrevivência nos restos culturais está associada ao sistema plantio direto, que torna a doença importante, especialmente se o produtor não pratica rotação de culturas. Em anos chuvosos os danos à cultura podem ser mais severos, por ser mais propício ao desenvolvimento da doença e ainda ser mais difícil o controle por meio de fungicidas, devido à dificuldade de entrada de máquinas no campo (Prestes et al., 2002). Nos últimos anos os problemas com o manejo de doenças em trigo têm aumentado. Em 2004, houve severas epidemias da mancha amarela, que ocorreu já no perfilhamento (Forcelini, 2007).

Nos EUA, nas décadas de 70 e 80, tem sido relatado perdas variando entre 3 e 50% (Hosford & Busch, 1974; Hosford et al., 1987) e na Austrália entre 13% e 48% (Rees & Platz, 1983). No Cone Sul a Mancha Amarela chegou a ser a doença predominante no trigo nas décadas de 80 e 90. No Brasil há relatos de ocorrência no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, com perdas de 36% no rendimento de grãos da cultura atribuídos à essa doença em avaliações no Paraná (Linhares, 1995).

A estrutura de raças de Pyrenophora tritici-repentis tem sido estudada por mais de 10 anos por vários grupos de pesquisa na América do Norte. O método de identificação é baseado no desenvolvimento de sintomas sobre linhas diferenciadoras de trigo. Cada raça pode produzir uma ou mais toxinas, denominadas Ptr ToxA, Ptr ToxB e Ptr ToxC, que podem causar sintomas de necrose ou clorose em hospedeiro susceptível. A Embrapa Trigo, localizada em Passo Fundo, RS, está começando a aplicar esta abordagem para identificação de raças no Brasil, juntamente com a caracterização molecular do patógeno, em colaboração com pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA-ARS). O foco desse trabalho é a utilização do conhecimento adquirido para auxiliar o desenvolvimento de cultivares de trigo resistentes à mancha amarela.


 

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