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Dezembro, 2007 |
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Passo Fundo, RS
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Várias espécies de pentatomídeos fitófagos associados à cultura da soja, são consideradas pragas principais ou mesmo secundárias, dependendo da densidade populacional em determinada região, quando atacam as plantas na fase reprodutiva. Dentro deste contexto, historicamente, Nezara viridula (percevejo-verde) e Piezodorus guildinii (percevejo-verde-pequeno) são considerados pragas-chave nas regiões mais meridionais, enquanto Euschistus heros (percevejo-marrom) tem este mesmo status do norte do Paraná em direção ao Brasil central. Nos últimos anos, todavia, duas importantes alterações neste quadro estão acontecendo. O percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus) manifestou-se como praga de início de ciclo nas culturas de trigo e de milho inicialmente no norte do Paraná; problema que depois ampliou-se para o centro do país, especialmente em milho (Ávila & Panizzi, 1995; Chocorosqui & Panizzi. 1999; Panizzi, 1999). Na soja, esta espécie que sempre ocorreu em densidades reduzidas vem, gradativamente, aumentando seus níveis populacionais e sua participação no complexo de percevejos sugadores de sementes, importantes, entretanto, no período reprodutivo da cultura. Mais recentemente, no Rio Grande do Sul tem aumentado a incidência da espécie do percevejo-barriga-verde D. furcatus em milho e também em trigo. Aliás, em trigo, na safra de 2006, chamou a atenção a grande quantidade de percevejos das espécies N. viridula, P. guildinii, E. heros e D. furcatus presente desde a fase de enchimento dos grãos até a colheita, gerando uma preocupação em relação a um possível risco para a soja a ser semeada logo após o trigo.
Os percevejos estão a cada safra chegando mais cedo na cultura da soja, causando preocupações aos produtores ainda na fase vegetativa. Entretanto, em condições normais, considera-se que os percevejos são sugadores de grãos e que, na fase vegetativa e na floração da soja, não são capazes de causar danos significativos que justifique o controle (Corrêa-Ferreira & Panizzi, 1999; Corrêa-Ferreira, 2005). Existe, porém, suspeitas de que percevejos barriga-verde, como acontece em milho e em trigo, poderiam sugar na base da haste de plântulas de soja o que, mais tarde, com a planta mais desenvolvida e pesada, resultaria no quebramento da haste. Estudos pormenorizados sobre as causas da quebradeira de plantas de soja em lavouras do Paraná, realizados pela Embrapa Soja, atribuíram o problema a outras causas mas não aos percevejos avaliados (E. heros e D. melacanthus) (Corrêa-Ferreira et al., 2006). Na fase de plântulas, estas espécies até podem ser observadas sugando os cotilédones, a haste e a nervura principal dos folíolos de soja, sem entretanto causarem prejuízos à cultura.
Assim, recomenda-se cautela em relação aos percevejos que possam ser encontrados em soja na fase vegetativa da cultura, uma vez que não existem até o momento dados de pesquisa que justifiquem o controle. Ao contrário, deve ser motivo de preocupação os efeitos negativos que eventuais aplicações de inseticidas teriam sobre o complexo de inimigos naturais de insetos fitófagos da soja.
Documentos Online Nº 91
Publicações Online
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