Dezembro, 2008
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Passo Fundo, RS

Comportamento de genótipos de trigo quanto à severidade de oídio na safra 2008

Leila Maria Costamilan1
Eduardo Caierão1
Márcio Só e Silva1
Introdução

O trigo (Triticum aestivum L.) é importante opção de cultivo de inverno na região sul do Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estimou, para a safra 2008, o cultivo de 2 milhões e 391 mil ha no Brasil (Conab, 2008), um aumento de 31% sobre a área cultivada no ano anterior.

O oídio, causado pelo fungo biotrófico Blumeria graminis f. sp. tritici, é uma das principais doenças da cultura, ocorrendo de forma endêmica em áreas tritícolas de clima frio e úmido no Brasil, especialmente na Região Sul e em lavouras sob sistema irrigado nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Surge a partir dos primeiros estádios de desenvolvimento fenológico do hospedeiro. Em Passo Fundo, RS, há registros de perdas entre 10% e 62% (Fernandes et al., 1988; Linhares, 1988; Reis et al., 1997).

A doença pode ser controlada por meio de fungicidas e/ou de cultivares resistentes. A resistência genética do hospedeiro é a forma mais interessante de controle da doença, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Entretanto, a resistência não é, necessariamente duradoura, podendo ser superada pela alteração na composição genética da população dominante do patógeno, que pode variar a cada safra, principalmente em função da maior área de cultivo de determinada cultivar. Assim, a avaliação constante de linhagens de trigo em um programa de melhoramento genético auxilia na seleção de genótipos promissores e na caracterização de futuras cultivares.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a reação a oídio em genótipos de trigo componentes do ensaio estadual de cultivares – EEC, bloco de cruzamentos - BC, valor de cultivo e uso – VCU Brando e VCU Pão, ensaio preliminar em rede –1º e 2º EPR Pão e ensaio preliminar de linhagens – 1º ao 21º EPL, da área de melhoramento vegetal da Embrapa Trigo, em condições naturais de infecção, em 2008.

A reação foi avaliada por meio de observação in loco em todas as plantas desenvolvidas de cada genótipo, semeados em junho/08, em uma linha de 1 m de comprimento, no município de Passo Fundo, e em coleções específicas, semeadas em Coxilha, RS, em duas linhas de 2 m de comprimento. As plantas, durante todo o ciclo, não receberam tratamento químico para controle de doenças foliares. A avaliação visual de severidade de sintomas foi realizada quando as plantas encontravam-se em estádios variando entre final de perfilhamento (5) e espigamento (10) da escala de Feekes (Large, 1954). Para a avaliação, foram observadas a presença, a localização e a intensidade de pústulas de oídio em colmos e em folhas. As notas para cada genótipo foram atribuídas de acordo com os critérios constantes da Tabela 1.

Os resultados são apresentados nas tabelas 2, 3, 4, 5 e 6. Observou-se que houve condições para o desenvolvimento de sintomas da doença, o que possibilitou a avaliação da reação dos genótipos. Devido à alta variabilidade do patógeno, é necessário o acompanhamento anual desta reação, para uma caracterização mais acurada do comportamento frente ao oídio.


1 Pesquisador da Embrapa Trigo. Caixa Postal 451, Rodovia BR 285, km 294, 99001-970, Passo Fundo, RS. E-mail: leila@cnpt.embrapa.br; caierao@cnpt.embrapa.br; soesilva@cnpt.embrapa.br.

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