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Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Resultados e Discussão

A escolha do ponto de colheita deve ser realizada em função da relação custo/benefício pela redução de riscos de perdas quantitativas e qualitativas, bem como da liberação antecipada da área para a cultura sucessora. Além disso, a decisão da temperatura a ser adotada deverá ser tomada em função da qualidade final desejada para os grãos.

Verificou-se, nas safras 2000 e 2001, que a temperatura média da massa de grãos, em razão do grau de umidade e dos níveis de temperatura do ar de secagem, alcançou o nível máximo de 580 C quando os grãos foram secados a 1000 C, 470 C quando secados a 700 C e 320 C quando secados a 400 C. A eficiência do secador estacionário nesse experimento foi de 88,8 % nas secagens a 1000 C, de 85,9 % nas secagens a 700 C e de 95,6 % nas secagens a 400 C.

Observou-se, que para lotes de trigo com a mesma umidade de grãos por ocasião da colheita, o consumo de GLP não foi alterado pelo aumento da temperatura do ar de secagem. Isso foi conseqüência da taxa de secagem, que aumentou conforme a temperatura do ar de secagem foi aumentada. Esse aumento acelera a capacidade de absorção de vapor de água, ao mesmo tempo que aumenta a taxa de evaporação da água presente nos grãos, acelerando todo o processo de secagem (Carvalho & Nakagawa, 2000). Assim, a taxa de consumo aumentou com o aumento da temperatura de secagem, pois mais combustível foi necessário para produção de energia, ao passo que na umidade do grão não apresentou efeito significativo.

Do mesmo modo, foi observado que, nas colheitas com 18% e 25% de umidade, o tempo de secagem foi similar quando se usou temperatura de 70 ºC ou 100 ºC. Ou seja, o ganho em tempo de secagem com o aumento da temperatura de secagem pode não compensar as perdas qualitativas causadas pela elevada temperatura. Quando se usou temperatura de 40 ºC, a secagem demorou mais 87% e 125%, respectivamente em relação à temperatura de 70 ºC ou de 100 ºC. Essa observação foi feita também na secagem de milho (Portella & Eichelberger, 2001).

A Tabela 1 apresenta os resultados médios das duas safras, corrigidos para três níveis de umidade inicial (25%, 18% e 15%) e três níveis de temperatura de secagem (100 ºC, 70 ºC e 40 ºC). A taxa de secagem aumentou conforme a temperatura de secagem foi aumentada. Do mesmo modo, a taxa de consumo aumentou com o aumento da temperatura do ar de secagem, pois mais combustível foi necessário para produção de energia. Pode-se então deduzir que a taxa de secagem foi diretamente influenciada pela temperatura de secagem e pelo aumento do nível de umidade dos grãos.

Importante observar na Tabela 1 que o consumo médio de GLP por ponto percentual de umidade retirada foi de 0,058 kg por saco de 60 kg de trigo. Esse deve ser o valor referencial para descrever o custo de secagem para essa cultura, em secador de leito fixo, que operam com gás liquefeito de petróleo como fonte de energia.

Na Tabela 2 verificou-se que o custo de combustível por saco de 60 kg não foi proporcional ao aumento da temperatura do ar de secagem em cada nível de umidade de grão por ocasião da colheita. No nível de 25% de umidade, em que a taxa de consumo varia consideravelmente com a temperatura empregada, o custo de combustível na secagem a 100 ºC foi 60% superior a secagem ao da secagem a 40 ºC. Nos níveis de 18% e 15% de umidade esse custo foi cerca de 20% inferior, pois, com a redução da umidade do grão, diminuiu sensivelmente o consumo de combustível. Da mesma forma, reduziu o custo da energia elétrica pelo menor tempo de trabalho do motor elétrico que aciona o ventilador, em razão de o tempo de secagem ter sido menor. O custo da energia elétrica correspondeu, em média, a 4,4%, 6,5% e 10,3% do custo total, quando foi empregado ar de secagem com 100 ºC, 70 ºC e 40 ºC, respectivamente.

Os resultados apontam para menor custo total da secagem por saco de 60 kg de trigo, considerando-se combustível e energia elétrica despendidos, quando se usou temperatura de 70 ºC na secagem.

Dividindo-se o custo total de cada parâmetro apresentado na Tabela 2 pelo número de pontos percentuais de umidade a ser retirada até obter o nível de 13%, é possível calcular o custo por ponto percentual de umidade retirada por cada saco de grãos secos, parâmetro útil para previsões orçamentarias de custos de secagem. Esse valor foi menor quando se secou trigo a 70 ºC, sendo igual a R$ 0,124. Quando a secagem foi processada com temperatura de 40 ºC, houve diferença de 24% no custo unitário (R$ 0,154).


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